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ACIDENTE
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quarta-feira, maio 05, 2004
Hoje, dia 4, estava eu indo pro chópin, no ônibus T7, quando, na esquina da Protásio Alves com a Neusa Brizola, vejo um acidente. Como não posso deixar de ver um fuzuê na rua, saí do ônibus e fui ver o que era: um outro ônibus atropelou uma criança.
No início, me apavorei, pensando que fosse alguém do Ins. Rio Branco, que é ali perto (me dou muito com o pessoal de lá). Porém, quando vi que não era, fiquei descansado... Logo que cheguei, já fui me "enturmando" com as pessoas que estavam por perto e já havia umas mulheres que conheciam a vítima. Bem, vamos pelo começo: O nome dele é Vitor Manitto Alverez (filho único), tinha 10 anos e estava matando aula da catequese da igreja Sta. Cecília. Ele não queria ir a um passeio que fariam à Catedral. Ele foi atravessar um gurizinho (acho que colega dele) na Protásio Alves. Na volta, quando ele foi atravessar de novo, esperou apenas a sinaleira da Neusa Brizola fechar e atravessou tudo direto. Indo aos pulos pelas poças d'água, não viu um carro que vinha pela Protásio que bateu nele e o jogou em frente ao ônibus Jardim Ipê, e deu de cabeça no pára-brisa. Ficou um rombo redondo de vidro estilhaçado no ônibus, que ainda levou o guri por uns dez metros até conseguir parar. Cheguei ali pelas 14:00 e o guri já estava coberto com saco plástico, mas era translúcido e deu pra ver que era uma criança. Várias vezes chegava alguém lá pra reconhecer o corpo e levantavam o plástico. Até a perícia chegar eram umas 16:00. O guri tinha uma pele bem pálida (era o natural dele mesmo), cabelo clero crespo, olhos claros. Os olhos estavam entreabertos. A boca, também meio aberta, deixava a ponta da língua de fora. Sangrava pelo nariz e pelo ferimento na cabeça, do lado direito. Quando cheguei, ele já estava com a pela azulada, por causa da chuva. E tava frio, também. Encontrei com várias pessoas que o conheciam e falaram que o guri sempre foi rebelde, do contra, que até as catequistas achavam ele uma peste, etc. Bah, uma hora, uma das mulheres começou a entrar em pânico, e eu ali do lado, só aproveitando o guarda-chuva dela, ouvindo ela dizer, soluçando aos prantos, que tava muito velha pra ter filhos, etc. Uma hora ela me perguntou se eu já era pai, e eu disse que não, daí ela fisse que eu imaginasse meu filho ali estirado no chão. te juro. Nessa hora fiquei com uma puta tentação de dar um pontapé na bunda daquela mulher que ia fazer ela cair em cima do cadáver, mas me controlei e ainda fiquei consolando ela, se desmanchando no meu ombro... Ainda tem a hora que a mãe chega. Daí é foda. A mulher entra em pânico, não consegue nem chorar, se ajoelha no esfalto cheio d'água olhando pro cadáver do filho de frente pra ela, quase embaixo do ônibus. A mulher olhava pra tudo que era lado com um olhar vazio, sem sentimento ou qualquer tipo de reação. Ali pelas 16:00 levaram o corpo e um pouco dos "curiosos" se despersou. Nem sei quantas pessoas tinham olhando o evento. Eram dezenas! Mais pelo final, a maioria era ali do colégio Rio Branco, mesmo, que foi ver. Os piá tudo querendo ir ver de perto, querendo se exibir pras gurias, mas não conseguiram porque não deixaram eles atravessarem a rua. As gurias tudo apavoradas, meio que com nojo do cadáver, mas não tiravam o olho. Eu é que acabei consolando várias gurias também (essa foi a parte boa da história). Olha, muitos se indignarram comigo, mas eu não fiquei tanto apavorado quanto a grande maioria ficou. Levei aquilo como um acontecimento normal. Lamento mais pelo coitado do motorista do ônibus que pelo pirralho. O piá que atravessou errado, sem atenção, e é o pobre do motora (ele também estava em choque) que vai se fuder. Só imagino o cagaço dele na hora, e a travada que deve ter dado. Tudo os passageiros dando de boca no puta-merda do banco da frente... Me arrependo que esse foi o único dia que eu não tava com o telefone. Tenho os números de quase toda a imprensa ali e logo nesse dia tinha que deixar ele carregando. Que raiva! |