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Câmeras Digitais -- domingo, setembro 23, 2007
Artigo do fotógrafo Ricciardi [www.ricciardi.eng.br; http://www.pbase.com/ricciardi], muito importante na área da fotografia.

Estou sem tempo pra escrever algo...


“Todas as lentes de uma mesma distância focal geram imagens do mesmo tamanho,
qualquer que seja a distância para o objeto.”

Ansel Adams, A Câmera

O advento das digitais com fator de corte de 1,5x (Nikon D100) e 1,6x (linha Canon) fez nascer uma dúvida: o que é multiplicação da distância focal?

As consequências da multiplicação da distância focal são um dos fatores menos compreendidos por quem faz a transição de filme para digital. Aqueles que conseguem comprar uma digital full frame não têm dúvidas. Como o sensor da máquina tem o mesmo tamanho de um filme 35mm, nada muda. Mas aqueles que compram as máquinas mais baratas, cujos sensores são menores, passam a viver num mundo novo, no qual uma 50mm transforma-se numa 80mm e uma 105mm macro comporta-se como uma 168mm macro.

Mas é isso mesmo? Uma 50mm funciona verdadeiramente como uma 80mm numa máquina digital Canon, inclusive no que diz respeito à profundidade de campo, ou continua funcionando como uma 50mm cuja imagem sofre um corte?

(Doravante, neste artigo, usaremos para exemplos sempre o fator 1,6 da Canon.)

Esta questão surge com muita freqüência nos fóruns da internet e mesas de bar onde esteja mais de um fotógrafo. Está na hora de entendermos esta questão de uma vez por todas.

Eu uso uma Canon 10D e, de início, fiquei preocupado com a multiplicação das distâncias focais. Junto com a máquina adquiri uma Sigma 15-30 EX para poder fazer as fotos em grande angular. O que mais preocupava não era o fato de minha amada 50/1.8 transformar-se numa 80/1.8, mas o desconhecimento sobre como a objetiva se comportaria do ponto de vista de profundidade de campo e o efeito que isso teria nas ampliações.

Bastou olhar nos velhos livros de fotografia para descobrir o que estava acontecendo. Minha principal fonte de informação foi a obra A Câmera, de Ansel Adams. Obra que faz parte de sua trilogia obrigatória, diga-se de passagem. E que foi escrita muito antes do mundo falar ou pensar em digital.

Falemos logo sobre o que mais interessa. Numa digital Canon, uma 50/1.8 vira uma 80/1.8? A resposta é um definitivo NÃO.

A 50mm não vira uma 80mm. A 200mm não se comporta como uma 320mm e assim sucessivamente. A 50mm continua a ser uma 50mm. O que muda é que o plano do filme (ou do sensor digital) tem menor área. Portanto uma imagem menor será registrada por ele. Um filme 35mm tem dimensões 36×34mm. O sensor da Canon 10D tem 22,7×15mm.

O ponto importante está ai. Por se tratar de um formato diferente, a objetiva se comporta de forma diferente. Pense em médio formato. Já teve oportunidade de fotografar com médio formato? Qual a lente considerara “normal” numa máquina destas? 80mm, correto? A mesma 80mm, numa máquina de 35mm, é considerada uma pequena tele. Repare que a objetiva é a mesma! A imagem que ela gera é a mesma. Mas em médio formato ela é normal e numa 35mm é uma pequena tele. Numa digital Canon ela seria uma média tele.

A chave para entender esta questão está no ângulo de visão. Todas as objetivas da mesma distância focal geram a mesma imagem. O que muda, quando se muda o formato da câmera, é o ângulo de visão. Num formato maior o ângulo de visão é maior. E vice-versa.

“Todas as objetivas de uma mesma distância focal têm o mesmo ângulo de visão
em um determinado formato.”

Ansel Adams, A Câmera

A transição para digital causa toda esta confusão por dois motivos básicos. Em primeiro lugar, estamos usando objetivas que, na maioria dos casos, foram projetadas para 35mm e não para uma digital com corte. Em segundo lugar, estamos por demais acostumados a falar nas distâncias focais do mundo 35mm e precisamos mudar a forma de pensar quando falamos sobre digitais com corte. Isso é cansativo. Numa digital Canon, por exemplo, a objetiva que melhor funciona como “normal” é a 35mm (32mm para ser exato). É com ela que se consegue um ângulo de visão semelhante ao de uma 50mm em máquina de filme.

O que acontece numa digital usando a 50mm é similar ao que aconteceria se você ampliasse uma foto feita com filme, em 50mm, e depois cortasse a ampliação com uma tesoura. Apenas isso.

Como os sensores digitais atuais têm boa resolução, isso acaba se tornando uma vantagem em certas ocasiões. Quem gosta de tele pode usar uma 70-200/2.8 com um ângulo de visão menor sem sacrificar a abertura máxima.

E a profundidade de campo?

A profundidade de campo não muda. Uma objetiva de 50mm numa máquina de filme apresenta a mesma profundidade de campo quando é instalada numa máquina digital. Ela não passa a oferecer a profundidade de campo de uma 80mm.

Adicionalmente, como há um fator de corte, para fazer a mesma foto com digital você deve afastar-se do objeto. Como a profundidade de campo é fator da distância entre o fotógrafo e o objeto, na prática a profundidade de campo aumenta.

A velocidade indicada para fazer a foto “na mão” muda?

Certamente. Numa máquina de filme é consenso que é possível fazer “na mão” fotos com a recíproca da distância focal. Em 50mm é fácil ir até 1/50 sem tripé. Com uma 105mm é preciso usar 1/125. E com uma 200 é preciso colocar a máquina em algo próximo a 1/200, em geral 1/250.

Nas digitais isso muda. Como a ampliação necessária é maior, dado que o sensor é menor — ai começam a entrar conceitos como círculo de confusão — é preciso ter mais cuidado na hora de abrir mão do tripé. Em geral eu dobro o valor da velocidade na regra da recíproca. Com uma 50mm procuro fazer fotos próximo a 1/100 (1/90 ou 1/125), por exemplo.

De qualquer forma, vamos aproveitar a oportunidade para lembrar que usar um tripé é a forma mais simples de dar nitidez à uma foto.

O que vai acontecer no futuro?

A questão que precisa ser respondida é: o que os fabricantes farão no médio/longo prazo? Aumentarão o tamanho do sensor, de forma a que todas as digitais sejam full frame e se portem como uma máquina de filme, ou manterão os sensores do tamanho atual e projetarão objetivas específicas para este novo formato?

Sinceramente não sei. Se fosse forçado a dar uma resposta agora diria que os dois formatos vão conviver por muito tempo. Os sensores full frame serão reservados para os corpos topo de linha, enquanto as SLR mais em conta usarão sensores menores.



Herenvarno proferiu às 12:34